Contraluz
(2015)
Durante nove meses, uma vez por mês, eu partia sempre às 4h20 da tarde — como quem segue um chamado.
Era finais de semana, mas para mim era início de um rito.
Caminhava pelo Cerrado em direção ao sol poente, onde a luz se derrama com intensidade, contraste e saturação.
Fotografei o que surgia: a vegetação em silhueta, os galhos em chamas suaves, a dança sutil entre sombra e brilho.
Em contraluz, tudo parecia revelar não o que é, mas o que sente.
E ali, naquela luz mágica eu também me deixava revelar.