Guilherme Bergamini
lambe-lambe
(2015)

A série apresentada valoriza a tradicional fotografia lambe-lambe, um bem cultural de Belo Horizonte. Produzida entre 2014 e 2015, a coleção é formada por 11 dípticos – de um lado, imagens tiradas por mim dos 11 fotógrafos que trabalhavam no Parque Municipal René Gianetti; do outro, fotos minhas produzidas por eles.

Em 2024, apenas três fotógrafos lambe-lambes ainda trabalharão no parque: Malaquias, Zita e Xavier.

Desde 1922, os fotógrafos lambe-lambes, com suas máquinas de jardim, registram os protagonistas no Parque Municipal René Gianetti. Eram cronistas visuais, historiadores anônimos, em uma época em que pessoas de bairros e cidades distantes vinham à capital apenas para serem fotografadas. Dizia-se que quem ia a Belo Horizonte e não era fotografado no Parque Municipal não tinha realmente conhecido a cidade.

Memórias de uma capital em crescimento, momentos ímpares. Pais, filhos, amores e amados posaram diante das lentes desses profissionais. Com as mudanças, os lambe-lambes adaptaram seu ofício às exigências da modernização, sem perder suas tradições.

Na década de 90, eram dezenas espalhados por várias praças da cidade. Hoje, encontram-se apenas no Parque Municipal.

O legado desses fotógrafos está se afastando das novas gerações, e sua memória perdurará apenas em fragmentos visuais de um Patrimônio Imaterial que, aos poucos, se esvai.