Guilherme Bergamini

Reavivar
(2020)

Em tempos de isolamento social e mudanças repentinas em nossa rotina, é necessário que nos reinventemos.
Cada dia representa um novo desafio, sem perspectivas de mudança no curto prazo.
Diante do momento peculiar que o Brasil atravessa, imerso em uma insanidade política, não consigo encontrar uma saída eficaz — abstraio-me.

O fechamento das escolas e a energia pulsante da infância me levaram a revisitar os últimos quatro anos de convivência intensa com minha filha.
Desenhos feitos pela Malu. Fotografias feitas dela.
Como se o centro das atenções fosse a Malu — e, de fato, é.

Sempre deixo à sua disposição pincéis, tintas, lápis de cor e giz de cera.
Com recortes de seus desenhos, entre os dois e os quatro anos, formei dípticos intercalando suas obras com fotografias das viagens que nos propusemos a fazer.
Uma experiência única de entrega e amadurecimento.

Em todos esses anos dedicados à fotografia, a única pessoa que me fez deixar a câmera de lado por um tempo foi ela.
Desde os seus 25 dias de vida, já a levava para conhecer um pouco da natureza.
A partir daí, sempre que possível, pegávamos o Celtinha e partíamos pelas estradas.

Fomos a muitas cachoeiras — a vontade de estar em contato com a água é um amor antigo, desde a infância.
Seja em água doce ou salgada, eu a estimulava, e ela, de volta, também me transformava.

Uma vivência tão rica que palavras não conseguem traduzir.
Proponho, então, contar essa história por meio de suas obras e das minhas fotografias.